Servidores do Ipaam ajudaram organização criminosa com fraudes de licenças, diz PF

Servidores do Ipaam ajudaram organização criminosa com fraudes de licenças, diz PF

Em nota, o Governo do Amazonas informou que “está à disposição para prestar as informações necessárias"

A Operação Expurgare, realizada nesta segunda-feira (9) pela Polícia Federal (PF), como desdobramento da  Operação Greenwashing,  que investiga fraudes em mercado de crédito de carbono em áreas do sul do Amazonas, e a grilagem de ao menos 538 mil hectares de terras públicas pertencentes à União, tem entre os envolvidos, suspeitos já indiciados e presos por crimes semelhantes durante a Operação Arquimedes, ocorrida em 2019.

Entre os envolvidos estão cinco servidores públicos que ocupam “cargos estratégicos de direção no Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam)”, que é o órgão de fiscalização e licenciamento ambiental do governo do estado. Segundo a PF, trata-se de uma “organização criminosa”.

Amazônia Real apurou que foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão de bens avaliados em R$ 1 bilhão de reais e dois mandados de prisão determinados pela Justiça Federal no Amazonas em ações que ocorreram nesta segunda-feira nos estados do Amazonas, Rondônia e Pernambuco.

O presidente do Ipaam, Juliano Valente, foi exonerado do cargo junto com outros servidores, por determinação da Justiça Federal. Valente era o braço ambiental do governador bolsonarista Wilson Lima (União Brasil) desde o primeiro mandato em 2019.

Segundo site ((o)) eco, dois servidores da diretoria do Ipaam foram presos preventivamente. São eles: Francielho Araújo Oliveira e Fábio Rodrigues Marques, indiciados em 2019 durante a Operação Arquimedes, que investigou a exploração ilegal de recursos florestais na Amazônia e envolvimento de empresas do ramo madeireiro com atividades no mercado nacional e internacional. Os dois foram exonerados junto com Valente.

A assessoria de imprensa do Ipaam informou à Amazônia Real que Franciello Araújo Oliveira e Fábio Rodrigues estavam afastados de suas funções desde 2019. Outros dois servidores exonerados após a operação Expurare continuavam trabalhando: Juliano Valente, presidente do Ipaam, e Márcio Rodrigues, gerente da Gerência do Controle Florestal do órgão. Os dois dois estão em medida cautelar, conforme a assessoria.

Fabio Rodrigues Marques foi flagrado ainda em 2019, quando era diretor jurídico do Ipaam, em conversas telefônicas do ex-deputado Orlando Cidade, que teria, segundo as investigações da Polícia Federal, participado de um esquema de pagamento de propina para servidores do Ipaam e, assim, teria obtido facilitações em vistorias feitas na cooperativa que era responsável, a Cooperpeixe – empresa já foi alvo de investigação de crime ambiental, como divulgou a Amazônia Real.

A PF também cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência da superintendente de Agricultura e Pecuária no Amazonas (do Ministério da Agricultura), Dionísia Soares Campos, que é casada com Juliano Valente e filha do deputado estadual, Sinésio Campos (PT), notório defensor da mineração no estado.

Em nota, o Governo do Amazonas informou que “está à disposição para prestar as informações necessárias e auxiliar às autoridades no esclarecimento dos fatos”. O governo também ressaltou “que não compactua com quaisquer práticas ilícitas de seus servidores e, dessa forma, os envolvidos na operação serão afastados e exonerados de seus cargos” e que “todas as atividades desenvolvidas pelos órgãos estaduais são pautadas na transparência e legalidade em suas ações”.